terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A Falácia da Educação Estatal (2ªParte)

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Durante séculos a educação ficou reservada aos nobres e religiosos, e posteriormente, à burguesia que, na medida de sua ascensão, exigia os mesmos privilégios que detinham os aristocratas.

Como os privilégios não chegavam a todos, a maior parte da sociedade não tinha nenhuma vantagem em todo o desenvolvimento construído pela educação. Na realidade todo, ou quase todo, desenvolvimento na educação, foi em detrimento da maioria dos indivíduos. Ainda no século XIX uma educação superior era defendida pelas classes nobres (inclusive burgueses) somente para elas.

Muitos não se resignaram a aquele estado de coisas. Eram reprimidos. Presos, torturados ou mortos.

Movimentos populares, sindicatos, entre outros, se mobilizaram e chegaram até a criar suas próprias escolas. E não só escolas, mas teatros e universidades, e toda uma gama de locais e organismos que tentavam criar uma nova cultura, transformando a existente em algo mais descentralizado e democrático.

A burguesia de uma forma mais inteligente que a aristocracia sabia que aquele foi o mesmo caminho que ela tomou para ascender politicamente. Formar sua própria cultura. Portanto seria imprescindível criar instrumentos que dificultassem e anulassem aquela ascensão das classes populares e trabalhadoras.

Com este intuito desde a Revolução Francesa aparecem as escolas públicas. Os ingleses abriram sua escolas já no século XVIII. Napoleão vai dar uma face final a aquelas instituições. Os pobres ignorantes seriam "educados" para tornarem-se bons cidadãos e trabalhadores disciplinados.

O ensino público, gratuito e obrigatório, patrocinado por Estados Burgueses ou Socialistas, foi visto, equivocadamente, por boa parte das populações, como a melhor maneira de garantir a democratização do conhecimento.

Poucas foram as vozes discordantes. William Godwin, filósofo inglês foi uma delas, já em 1793:

"... todo projeto nacional de ensino deveria ser combatido em qualquer circunstância pelas óbvias ligações com o governo, uma ligação mais temível do que a velha e muito contestada aliança da Igreja com o Estado. Antes de colocar uma máquina tão poderosa nas mãos de um agente tão ambíguo, cumpre examinar bem o que estamos fazendo. Certamente que o governo não deixará de usa-la para reforçar seu próprio poder e para perpetuar suas instituições".

É claro que houve mais gente que acreditou em mudanças. Ivan Illich , acreditando em um mundo sem escolas; Paulo Freire , desejando uma escola que não fosse legitimadora do poder constituído; A.S.Neill , construindo a Escola de Summerhill na Inglaterra, acreditando que melhor seria educar um futuro gari feliz, do que um primeiro ministro neurótico.

Mas a maioria dos educadores, inclusive mestres e doutores (formados pelo próprio Estado, é claro), parecem se prender a amarras, a correntes, como escravos que não desejam fugir do engenho.

Um comentário:

Anônimo disse...

alexander Sutherland Neill, despedindo-se do mundo dos vivos escreveu:

"Desejo ser lembrado como um indivíduo comum que acreditou que ódio nunca curou coisa alguma, que estar do lado da criança - expressão de Home Lane - é a única maneira de produzir ensino feliz e uma vida feliz posteriormente. Assim como sou 'Neill! Neill! Casca de Laranja!' para meus pequenos discípulos, gostaria de sê-lo para todas as crianças do mundo - alguém que confia nas crianças, que acredita em bomdade e calor naturais, que vê na autoridade só poder e, com muita freqüência, ódio."