"Quando as desgraças ferem a humanidade dum modo tão inuzitado e cruel, aparecem padres a dizer que isso é castigo do céu, que é Deus que manda as desventuras contra os homens em vista destes serem muito pecadores e que é necessário correr ás igrejas a levar suas parcas economias, os seus insignificantes haveres para que os sacerdotes supliquem ao criador de todas as coisas o perdão de todos os desviados da sua doutrina. E as igrejas enchem-se, e os padres enriquecem, e a religião cria prestígio e o papa conquista sua autonomia, fazendo um acordo leonino com o chefe dos fascistas, o nefando Mossuline, que admite o Vaticano como Estado Livre..."
Este texto foi escrito no jornal A Lanterna em julho de 1933.
O jornal malhava, com textos informativos, e até satíricos, a igreja católica. Denunciava acordos espúrios entre aqueles ligados a igreja e os partidos políticos, tanto aqui no Brasil quanto lá fora.
Há poucas semanas publicou-se, em uma dessas revistas de história que estão pelas bancas, artigo sobre as relações entre igreja e nazismo durante a segunda guerra mundial.
O que me fez buscar novamente A Lanterna como fonte de "luz" foi um dos fatos que aconteceram essa semana em Pernambuco: O aborto de uma criança de 9 anos.
Olhar para o rosto do Arcebispo de Recife (Dom Helder deve estar se batendo no caixão) é quase a mesma coisa que ver as charges daquele jornal anti-clerical dos anos 30: Padres apertando as mãos de fascistas, tomando o parco salário do pobre e, no fim das contas, obrigando-o a fazer loucuras em nome dos dogmas da Santa Madre Igreja.
O ano passado, na campanha da fraternidade, já foi vergonhoso para a igreja denunciar e se posicionar contra o uso de embriões para uso médico, dentre outras coisas medievais.
Longe da Idade Média, quando torturavam e matavam hereges, em nome da sua "verdade", hoje vêm amaldiçoar médicos, meninas, mães, ministros e quem mais vier dizer que o aborto é a melhor saída contra uma gravidez originada de um estupro contra uma garota de 9 anos.
Que saudades d´A Lanterna...
3 comentários:
... eu tenho tanto medo da excomunhão referendada pelo ‘papa’ nestas questões dos dogmas cristãos (aborto, fidelidade, eutanásia etc), que em solidariedade aos praticantes entrego o meu pescoço ao cutelo!
Abraão, por rebeldia ou falta de coragem, não utilizou o "cutelo" ao oferecer o seu filho em sacrifício ao deus vingativo dos hebreus...
entretanto, meu querido, peço-lhe cuidado, pois este ‘papa’ teve formação hitlerista na sua juventude.
portanto que tem o que lhe é caro, tem medo!!!
Sobre a Santa Madre Igreja Católica, esta abarcou os famigerados Tribunais da Santa Inquisição, operante na idade média e contemporânea. Contrapôs-se (contrapõe-se) às ciências naturais e biológicas, apresentando disposição hierática do clero. Instituição retrógrada, apologizou o nazi-fascismo europeu, na 2ª guerra, inclusive o fascismo espanhol (na Espanha Revolucionária houve casos de clérigos contratadores de sicários para execução de trabalhadores e sindicalistas, setores do clero estocando armas nos templos e atirando nos trabalhadores dos altos das torres das igrejas),... Sobre o Santo Padre (papa),
tal instituição propaga e "imagina" este como "descendente" de "Pedro", grande mediador entre deus e os homens. Não fora mesmo João Paulo II que redimiu Galileu e trasladou sua "alma" (anteriormente, não mais hoje) excomungada para os céus?! Ora, ora. Sobre Bento XVI, este fora da juventude hitlerista e, hoje, "concede apoio" ao clérigo anti-semita do leste europeu; fora também uma autoridade (antes de vir a ser papa) "liderança máxima" do Tribunal do Santo Ofício, orgão este que anteriormente detinha outro nome, o mal afamado Tribunal de Santa Inquisição. Pois é. Mudou-se o nome, a fim de escamotear a história, afinal... "Nossos" patrícios sabem que muitos trabalhadores têm a memória curta... Sobre esses poucos factos eu ponderei (tais factos são, de certa forma, "distantes no tempo e no espaço"); mas o que me deixou puto mesmo, foi o arcebisbo daqui de Vitória-ES, dom Luiz Mancilha, besta de cornos, ratificar a excomunhão da mãe da menina e dos médicos. É uma reiteração do dogmatismo regressista ideológico institucional da Igreja católica, além de ser um acto de aguda boçalidade e visceral ignorância!
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