quinta-feira, 19 de março de 2009

Greve ? Prá que ?

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Há 92 anos os trabalhadores brasileiros conseguiram montar uma greve geral que parou o país. Os trabalhadores organizados em sindicatos livres (sem interferência de partidos, igreja, patrões ou governo) começaram a parar aos poucos; primeiro a indústria textil e construção civil, em São Paulo e no Rio, depois outras categorias profissionais como transportes, metalúrgicos, etc, também naqueles dois estados, alastrando-se posteriormente para o resto do país (No nordeste a greve de maior importância foi dos ferroviários e os patrões eram ingleses). Mas, dois anos depois, em 1919, Salvador também fazia sua Greve Geral.

A Greve Geral se deflagrava pela base do movimento operário, pelos próprios trabalhadores. Cada operário conhecia os motivos pelos quais parar.

A "central" operária mais forte na época, a COB, de orientação anarquista, entrou naquele momento como coordenadora nacional do movimento, pois quem convocava e mantinha a greve eram os sindicatos e seus associados.

Mas a greve só serve para pedir aumento de grana e estabilidade de emprego ? Nós anarquistas acreditamos que não ! A greve ajuda a descobrir de que lado estão as pessoas. A greve é instrutiva para o trabalhador, pois com ela o trabalhador vai descobrindo que sem sua presença, seja na fábrica, na escola, no hospital, etc, também não há funcionamento, não há produção.

Descobre, consequentemente, que alguém ou alguma classe está iludindo a ele, todos os dias do ano, através dos meios de comunicação, das igrejas, das escolas, da "política", incentivando a sua resignação em favor de um corpo maior (propriedade de uma minoria) que é o país.

Iludem o trabalhador sobre sua força de mudança. Mas a mudança em prol desta maioria só pode ser conseguida por ela própria, solidarizando-se com seus companheiros de trabalho, com seus amigos no bairro, etc.

Portanto, se queremos transformar radicalmente a sociedade, em nosso benefício, a partir de agora, vamos à greve, seja que dia for.

Vamos, então, à GREVE GERAL, desde que seja o trabalhador que decida por ela.
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Este texto foi transcrito (com direito a algumas mudancitas)
do Boletim Ação Direta,
de Junho de 1990, entregue nas ruas de Salvador,
dias antes da Greve Geral chamada pela CUT.
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P.S. - Os petroleiros vão entrar em Greve na segunda-feira, dia 23/03. Todo apoio a sua luta por uma Participação nos Lucros justa (... além de editar este blog, também sou petroleiro).

2 comentários:

Anônimo disse...

a 'coisa' é séria, o bicho tá pegando! Imagina só, que loucura... a nossa recém constituída classe média na fila do 'SIMM' e ouvindo NÃO temos empregos!!!

Gideoni disse...

Viva à Greve!
Os (as) petroleiros (as) deram uma grande lição de organização, força e solidariedade na redemocratização do Brasil.
Ainda respirava-se o ar contaminado da ditadura militar, quando os (as) trabalhadores (as) da Petrobras decidiram parar.
O ato de cruzar os braços naquele momento, ultrapassou à condição de categoria profissional para ser a força motriz das transformações sociais e políticas que hoje vivemos.
A coragem e a determinação desta categoria, injetou ânimo na classe trabalhadora que até então inerte foi às ruas.
Comerciários,rodoviários, bancários, professores e tantas outras categorias que espelhando-se em vocês da Petrobras, ajudou nas transformações sociais e políticas que vivemos hoje.
Viva à Greve, pois depois dela, tudo pode ser diferente e melhor.