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Ao contrário do que afirmam, os norte-americanos não são apáticos, mas constrangidos e moldados dentro das estruturas e das instituições e, por isso mesmo, estão convencidos, e não sem justificação, da impossibilidade de mudar, de modo significativo, o curso da sua própria existência.
A possibilidade de que dispunham nos últimos decênios, foi quase completamente usurpada pelas grandes sociedades multinacionais e pelos mastodôdicos aparelhos burocráticos governativos, por uma tecnologia ao serviço do controle político, por uma economia e um Estado fortemente centralizados.
Até mesmo na esfera privada o cidadão norte-americano se sentiu dominado pelos grandes shopping centers, pelas onipotentes máquinas das mídias de massa e por uma indústria enérgetica monopolista que, em conjunto, decidem toda a sua vida (tipo de comida, moda, estilo de habitação, etc.).
Neste vasto complexo institucional - o "Sistema", como lhe chamamos - o cidadão tende a alijar os problemas que lhe dizem respeito diretamente e a refugiar-se na sua própria vida privada e familiar, nos seus amigos mais íntimos e nos prazeres cotidianos, isto é, no único mundo onde consegue ainda suplantar-se e compreender-se um pouco, se bem que apenas em parte.
Este refúgio num mundo à sua própria dimensão humana, poderá ser interpretado como apatia, mas, na realidade, trata-se apenas de uma impotência social causada pelo "sistema" que, deliberadamente, impede as pessoas de se assumirem e assumirem o controle da sua própria existência e do seu destino social.
Textos Dispersos, Edição Socius
Lisboa, 1998
2 comentários:
o poeta inglês (Eliot) especulou:
"Vai, vai, vai, disse o pássaro: o gênero humano
Não pode suportar tanta realidade.
O tempo passado e o tempo futuro,
O que poderia ter sido e o que foi,
Convergem para um só fim, que é sempre presente."
os sonhos, idéias, esperanças não resistem quando são confrontados com a realidade...
lamentável!!!
Boa reflexão!!
=]
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