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O companheiro Mario Rui, de Portugal, um dos editores da Revista Utopia, nos concedeu um pequeno texto contendo suas opiniões acerca do que acontece na Grécia.
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Em relação à Grécia, as informações são desencontradas. Nos meios anarquistas dizem que os protagonistas têm sido os anarquistas e pelas fotografias publicadas assim parece. Mas relatos de pessoas que vão ou estão lá e que não são anarquistas apontam para uma participação mais global da população, não dando tanto protagonismo a nós. Os media são o que são. Não só não têm grande interesse na divulgação destas notícias, como muito menos têm interesse que sejam protagonizadas por libertários. Se as manifestações são pacíficas, não são notícia. Se as manifestações são violentas, sobretudo com jovens de cara tapada, aí abrem os telejornais.
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A Grécia tem uma grande tradição de revoltas de jovens e de ter um movimento bastante radicalizado, que vem muitas vezes para a rua em confrontos com a polícia. No tempo dos coronéis, houve mesmo campos de concentração nas ilhas com bastantes presos políticos e muitos deles eram anarquistas. Mas devido à dificuldade de comunicação linguística, não estou muito ao corrente da natureza do movimento anarquista grego e nestes anos todos que já levo de militante só conheci um casal de anarquistas gregos que há muitos anos passou por Lisboa.
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De qualquer forma, como talvez saibas, a polícia italiana desenvolveu há muitos anos uma estúpida teoria – chamada de triângulo mediterrânico – que aponta para o triângulo formado por Grécia, Itália e Espanha como o ponto fulcral da agitação anarquista na Europa e onde, segundo eles, haveria predominância de anarquistas autónomos prontos para tudo. As polícias regressam periodicamente a esta teoria, como aconteceu recentemente com a prisão de alguns jovens franceses que viviam numa comunidade no interior da França e que foram acusados de destruição da via férrea do TGV (comboio de alta velocidade). A polícia acusa-os de serem autónomos, de terem editado um livro de apelo à violência e uma das “provas” é o facto do mais velho deles ter estado recentemente na Grécia.
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Com a crise que o mundo atravessa e com as dificuldades que se esperam em 2009, não me admiro que esta vaga de contestação alastre a outras regiões da Europa. Assim o espero. Já é altura da Europa abanar outra vez. Maio de 68 já foi há 40 anos.
Um comentário:
Gente... Arrepiei aqui profundamente...
Não tinha me ligado na possibilidade de um 68. E agora sim, é real mesmo!!
O mundo tem q sacudir novamente!!
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