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O discurso conformista está tão perfeitamente instalado em qualquer mente, que todo o mundo respira aliviado quando afirma: "não há soluções", "é impossível uma alternativa ao sistema", "não podemos mudar as coisas"...
O tema que nos ocupa hoje, a violência, está tão asumida como "inevitável" de forma quase generalizada, que as diferenças de matizes ideológicos só se encontram nas justificativas que nos permitem permanecer comodamente sentados na poltrona do ceticismo e da imobilidade.
Certamente quem aceita e perpetua uma convivência violenta entre as pessoas têm motivos de sobra para manter sua postura. Entre eles, não é menos convincente o fato de haver recebido de herança, e sem nosso consentimento, uma personalidade e uma sociedade construídas sobre as bases da agressividade.
Mas esta consciência não implica obrigatoriamente que deva existir uma direção única e um ponto de chegada comum. Saindo-se de um mesmo lugar, sempre se pode tomar ao menos duas opções: uma que volta sempre ao ponto de partida; outra, a evolução, a possibilidade de descobrir e recorrer a rotas alternativas.
Tomar esta segunda direção, supõe-se a desmontagem anterior, pedra por pedra, bloco por bloco, do cimento que sustenta nossa personalidade violenta.
Este intento sempre servirá como ponto de referência, como alavanca, como cunha que colocará em questão o conformismo da maioria.
Boletim La Samblea - Verano 1992
Merida - Espanha
Oi...
Adicionamos a este post o endereço de download do livro "Arqueologia da Violência" de Pierre Clastres:
3 comentários:
T.,
Veja bem que dados interessantes, A violência como um todo, representa 0,5 % da população brasileira! Ou seja de cada 200 compatriotas, um será violento.
Porquanto, por si só, a violência também é estratificada em atitudes que expressam: BAIXO MÉDIO E ALTO grau de violência. Discussões com palavras de baixo calão representam um grau baixo de violência e assassinatos, crimes
passionais etc. representam um alto grau!
Veja aonde quero chegar: Violência em alto Grau representa: 0,002 % da nossa sociedade.
Ou seja será preciso pesquisar 200.000 pessoas para encontrar alguém com esta capacidade.
Nos EUA a violência ( Geral )
é de 6 % da sociedade onze vezes maior que a nossa! E olhe que dado
interessante: Os mesmos 6 % da população americana, se encontra em Cárcere. O que deixa bem claro que a violência é severamente punida! E que não é a impunidade que aumenta a violência como se afirma aqui neste país.
Agora veja bem este dado
apresentado por uma ONG. Americana chamada a Mídia da Paz: Uma criança americana que assiste
4 horas de televisão por dia, quando chegar aos dezoito anos de idade, já terá assistido 250.000 casos de violência e será um criminoso em potencial! Os exemplos de Serial kilers reproduzidos aqui, ilustram bem estes fatos Conclusão:
Esta nossa Mídia focaliza a violência, reproduz a violência dissemina a violência e ainda por cima, vende violência como mercadoria, atabalhoando o povo e
produzindo a desesperança.
Eu particularmente quando
estou diante deste monstro de 29 polegadas e aparece algum noticiário sobre violência eu saco rapidamente a minha arma de raios infravermelhos e o alvejo diretamente no umbigo: Execução sumária! Pego então outra Colt 45 na versão prateada de ação rápida e alvejo a testa do meu Sony de 600 W para ouvir os Beatles: All You Need Is Love e Give Peace a
Chance
Feliz Ano Novo
L. C. G.
Economista e Pesquisador
Caro Economista Anônimo,
Primeiro gostaria de saber como essas ONGs conseguem mensurar a violência como um todo (o que é mesmo isto?)de uma população? Elas têm algum aparelho?
De minha parte, não acredito que o número de encarcerados de determinados países seja um índice seguro do grau de violência de seus cidadãos. Este número pode refletir muitas outras coisas: a truculência ou benevolência dos governantes, a eficiência ou ineficiência do sistema judiciário, perseguições políticas, étnicas, raciais, religiosas, sexuais, etc.
Também não me agrada a idéia de que a violência seja determinada de forma tão intensa pelo que se vê ou não se na mídia e nem pela sua quantidade.
Acho que cidadãos suecos, suíços, americanos ou indianos são expostos a doses semelhantes de violência midiática durante as suas vidas, e no entanto, os resultados são muito diferentes.
A violência (exceto em situações de guerras, epidemias ou cataclismas)geralmente é provocada por desigualdades sociais, econômicas ou quaisquer outras desigualdades. Ela é no mais das vezes a reação de setores marginalizados das populações frente a privilégios de poucos e abençõados cidadãos.
Hannah Arendt intenta sobre a questão da violência e o seu correlato nas estruturas de poder, qual seja o totalitarismo:
"Permanece o fato de que a crise do nosso tempo e a sua principal experiência deram origem a uma forma inteiramente nova de governo que, como potencialidade e como risco sempre presente, tende infelizmente a ficar conosco de agora em diante (...)".
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