O histórico e os fins do Primeiro de Maio são, em resumo, os seguintes. Em 1885, nos Estados Unidos, as organizações operárias resolveram marcar o dia 10 de Maio de 1886 para o começo duma greve geral com o intuito de conquistar-se a jornada de 8 horas. Uma intensíssima propaganda foi feita, nesse sentido. Tão intensa, que muitos patrões, antes mesmo daquela data, concediam já, aos operários, a redução de horário reclamada. Mas o movimento continuou, incessante, tomando proporções gigantescas.
Assim, naquele dia memorável dum ao outro lado da república americana, os trabalhadores conscientes e organizados abandonam o trabalho, dispostos à conquista das 8 horas. Estava feita a greve. Foi formidável. Dentro de alguns dias, 125 mil operários eram satisfeitos nas suas reclamações. Um mês após, esse número subia a mais de 200.000. A causa estava ganha.
O movimento de 1886 não foi pacifico. A polícia cometeu os maiores atropelos. Assim, no dia 4 de maio, realizava-se em Chicago um grande comício de protesto contra as violências da autoridade. A polícia, porém, entendeu de atacar os manifestantes. Um pelotão de policiais avançou. Foi quando uma bomba estourou, no meio destes, matando 10. Até hoje não se sabe quem atirou a bomba. As forças armadas, então, redobraram de violência.
Mais de 80 pessoas do povo sucumbiram sob as armas da polícia. Mas a burguesia não ficou satisfeita com isso. Preparou um processo contra aqueles que mais se destacaram no movimento. Acusou-os de serem os autores da bomba. Processou-os. Condenou-os.
Três foram condenados a trabalhos forçados e cinco à pena de morte. Um destes suicidou-se. Os outros quatro foram executados na manhã de 11 de novembro de 1887. Spies, Fischer, Engel, Parsons, cantando a Marselhesa, foram enforcados no próprio cárcere, às 11:50 horas do dia 11 de novembro de 1887. A burguesia respirou...
Pois bem. Em 1893, o governador do estado de Illinois levou a cabo uma revisão do processo. Resultado: todos aqueles oito homens eram inocentes. Os três que estavam presos foram postos em liberdade, E os outros cinco... Ah! estes estavam mortos... não havia mais remédio.
Os políticos e artistas atrelados a eles, entretanto, procuram desviar o caráter do movimento. Procuram transformá-lo em festa do trabalho ! Como se o trabalhador, roubado, enganado, pudesse ter disposição para festanças em nome de sua própria exploração.
Texto transcrito do jornal
A VOZ DO TRABALHADOR
(Órgão da Confederação Operária Brasileira)
Rio de Janeiro, Brasil, 15 de Abril de 1913, N0 29, Ano VI
Um comentário:
1º DE MAIO. DIA DE LUTO E DE LUTA, NÃO DE FESTA!
PARABÉNS MÍDIA REBELDE, PELO TEXTO E PELA LINHA "REBELDE".
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